14/12/2008


As quatro formas de amar


Sempre nos perguntamos que amor é este que vivemos, que experimentamos e nos acabamos, mas será que conseguimos abstrair dessa enxurrada de sentimentos alguma razão que nos faça mais conscientes para compreender o que passa entre nós e a pessoa que amamos?Se pudéssemos sintetizar as formas de amar, conseguiremos identificar quais as características do nosso próprio amor e saberemos como reagir às conseqüências e às dificuldades que sempre nos deparamos em nossos relacionamentos.São quatro as formas de amar, cada uma com características muito marcantes.Há o amor ideal, aquele amor que é um encontro, o amor das almas gêmeas, o amor gratuito, espontâneo, natural, automático, incondicional e livre, o amor que todos queríamos sentir e viver, o amor dos casais que são companheiros, amantes, amigos e confidentes, o amor de quem une as mãos simultaneamente e juntos namoram, trabalham, amam, dividem, compartilham e se completam. Claro que todas as outras formas de amar têm muitas dessas características porque o amor pretende ser completo, mas o amor ideal não tem dúvidas, não tem indecisão, não tem “não” nem hesitação. É o amor mais difícil de encontrar e o que sempre estamos a procurar.Outro é o amor Tom e Jerry. Pode parecer uma analogia engraçada, mas esta forma de amar é muito comum e sempre se transforma numa armadilha difícil de escapar. Como no desenho, o casal “Tom e Jerry” vive a se provocar, a brigar e a discutir. Se um fala “a” o outro fala “b”, se fala “b” então o outro fala “a”, só para contrariar, para tentar convencer o outro de que a sua razão é mais apropriada e verdadeira. É um eterno “braço-de-ferro”. No desenho, alguém já viu o Tom vencendo o Jerry ou vice-versa? Não, porque a relação não tem vencedor e o verdadeiro estímulo e vínculo que unem os dois é a contrariedade, a briga e a expectativa insana de que vamos conseguir fazer o outro sucumbir. É uma forma perigosa de amar, porque a angústia é inevitável, o desrespeito é bem provável e o desgaste é irreconciliável. É uma armadilha porque a briga se torna um pretexto, se torna a razão daquela união. Verdade que há um pouco de excitante em tudo isso, mas no final das contas, sobra tristeza, insatisfação e ressentimento.Não há solução? Pode haver. Basta que um dos dois compreenda que aquele amor é assim e que aceitando não haverá mais o que discutir. Portanto, não discuta, não conteste, não revide, não contrarie. Aceite, ainda que isso represente tão somente uma declaração de vontade, ainda que você tenha de dissimular, ainda que você precise fingir, porque o amor “Tom e Jerry” não resiste ao consenso. Assim, o círculo vicioso que se formou perde o vigor e a relação pode ser mais confortável, mais progressiva e mais feliz.As outras duas formas de amar são as mais comuns.Tudo se baseia na lei de mercado da oferta e procura, porém com outra conotação.Há aquele amor em que o homem ama mais que a mulher e há aquele em que a mulher ama mais que o homem.No amor, como na oferta e procura, quem ama mais paga mais. Quer dizer, aquele que numa relação amorosa tiver mais amor irá sucumbir mais facilmente que o outro. Quem ama mais, tolera mais, cede mais, aceita mais, releva mais, procura mais, sofre mais e quer mais. Nada de errado, mas é preciso saber o quanto amamos e o quanto somos amados para compreendermos que nas situações difíceis, naqueles momentos cruciais de decisões, nas brigas, nos rumos do futuro, nos consensos e nos perdões, aquele que ama mais, por causa disso, acaba sucumbindo à vontade do outro, não exatamente por causa da vontade do outro, mas porque aquele amor representa tanto em sua vida que ceder não é um sacrifício tão grande.Nada há de errado em amar mais que o outro; basta que estejamos conscientes disso porque assim a angústia da tolerância, a discórdia da sucumbência e a humilhação da subserviência não serão os sentimentos que habitam nossos corações, mas sim o amor livre de quem ama por si mesmo e porque assim escolheu amar.A consciência sobre a forma dos nossos relacionamentos nos traz a liberdade e a independência para aceitarmos, compreendermos e aproveitarmos a vida que compartilhamos com a outra pessoa, sabendo que tudo não passa da escolha que nos faça mais felizes e realizados.


(michel cutait)

Um comentário:

Michel Cutait disse...

sr vanderson, surpreendi-me quando encontrei varios dos meus ensaios em seu blog. fico feliz que tenha gostado.
entretanto, gostaria de pedir que mencionasse a minha autoria em cada um deles, pois meus textos sao registrados e farap parte de um livro.
agradeço a atençao e tenho certeza de que compreendera minhas razoes.
obrigado.
michel cutait.